quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


[Luiz Sérgio Henriques]


O exemplo não será de todo adequado, pois gira em torno de personagens da alta cultura, a saber, o romancista russo Alexander Soljenitsin e o filósofo húngaro Georg Lukács. O primeiro, como se sabe, prêmio Nobel de Literatura em 1970, foi um famoso “dissidente” no próprio país – a originária “pátria do socialismo” –, com dimensão simbólica internacional semelhante à do físico Andrei Sakharov. Cabe dizer que, como tantos outros oposicionistas do então bloco socialista do Leste europeu, figuras assim eram vistas como embaraço por boa parte da esquerda ocidental, ao se erguerem internamente contra as estruturas do socialismo realmente existente em nome da democracia e dos direitos humanos.
Georg Lukács, filósofo comunista de cepa irretocável, nunca foi um grande pensador da política: seu leninismo, mesmo em época bastante tardia, levou-o a imaginar um improvável retorno da URSS, já definitivamente enrijecida, aos tempos fervilhantes da revolução e da democracia direta. O filósofo, no entanto, teve a coragem de romper uma barreira espiritual quase intransponível, ao analisar e saudar, na década de 1960, o sopro de renovação trazido pelas narrativas de Soljenitsin, especialmente Um dia na vida de Ivan Denisovitch, Primeiro círculo ePavilhão dos cancerosos. Obras-primas da literatura e denúncias fundamentais do stalinismo.
Talvez sejam exemplos solenes demais para o caso de Yoani Sánchez, uma mulher deste nosso admirável mundo novo das redes sociais, que, tanto quanto se sabe, reporta com vivacidade, em blog, o cotidiano de Cuba, esta outra “pátria socialista”, agora em dimensão mais propriamente latino-americana. Yoani, retratando o dia a dia dos cubanos, ou de uma parte deles, por certo não escreveu nada parecido com a saga do Ivan Denisovitch num gulag soviético, mas, tal como Soljenitsin, é uma dissidente. E tantos anos depois este tipo de personagem ainda é encarado como estorvo ou mesmo como presença a ser rejeitada, no Brasil redemocratizado da Constituição de 1988 e com a presidência legalmente posta nas mãos de um partido de esquerda – de resto, fato inédito e digno de comemoração cívica.
Se Yoani, com o respeito que se deve a quem vive em condições adversas por causa das suas ideias, não é o Soljenitisin daqueles romances mencionados, seus detratores brasileiros ostentam credenciais que merecem também ser examinadas com o mesmo ou até maior rigor. Foram além de vaiar ou se manifestarem dos mais variados meios legítimos contra a presença da cubana, sem lhe ameaçar a integridade física. Fizeram algo muito diferente de, valendo-se dos recursos que a democracia a todos permite, reunirem-se em defesa da causa de Cuba – de uma determinada visão de Cuba – ou de, para dar um exemplo quase automático, protestarem contra o anacrônico bloqueio americano. Foram muito além disso tudo, e cabe examinar brevemente por que foram.
A visão de que o mundo se reparte em mocinhos e bandidos conheceu – exatamente com a consolidação do poder de Stalin, há quase 100 anos! – uma inusitada expansão para as relações interestatais. Várias gerações de comunistas, que no Ocidente e fora do poder, em geral combatiam boas causas em defesa dos subalternos, passaram a entender o mundo como o conflito irreconciliável entre um país que “encarnava” o socialismo e seus oponentes capitalistas ou imperialistas. Na falta de uma articulação democrática interna da pátria socialista, quem dissentia era literal e metaforicamente demonizado: não faltou quem chamasse Trotski, derrotado na luta interna, de “puta do fascismo” (o que, diga-se de passagem, não quer dizer que Trotski fosse garantir sorte melhor aos seus adversários, caso tivesse vencido). Bukharin, artífice de uma relação menos tensa com o imenso mundo camponês às vésperas coletivização forçada, em 1928, apareceria alguns depois, humanamente arrasado, num dos infames processos de Moscou, na época do Grande Terror. Como se sabe, seria eliminado como “inimigo do povo”. E, sem terminar o rol da intolerância, no auge do sectarismo comunista os social-democratas eram, pura e simplesmente, “social-fascistas” – piores até do que os fascistas e os nazistas.
O hábito de designar religiosamente – no mau sentido da palavra, um sentido que a aproxima do fanatismo e do espírito inquisitorial – um país como a “pátria do socialismo” não se limitou à antiga URSS. O fascínio ideológico podia se deslocar para outros altares, como aconteceu com a China do maoísmo e da revolução cultural e, em momento sucessivo, até mesmo a Albânia do camarada Enver Hodja, tida numa certa época, inclusive por corrente política no Brasil, como o “verdadeiro farol do socialismo”. Paciência, aqui já estamos naquilo que o saudoso Stanislaw Ponte Preta chamava de “o perigoso terreno da galhofa”…
Este tipo de representação do mundo, de matriz stalinista, não é inocente. Quem forma a própria cabeça e a alma neste catecismo elementar incapacita-se, necessariamente, para o exercício da análise crítica, diferenciada. No paraíso que imagina, não consegue supor a existência de pessoas e grupos políticos e sociais que divirjam, que pensem diferente, que tenham outras visões das coisas e do próprio país. No inferno que esquematiza – no caso, a matriz ianque do imperialismo –, não consegue visualizar a rica cultura política fundadora, sua própria origem revolucionária, a dinâmica social e econômica multissecular que atraiu pensadores como Gramsci, bem como a inovação “epocal” representada pelo reformismo rooseveltiano ou pela batalha dos direitos civis de Luther King.
Ao contrário de tudo isso, o mundo, tal como ensinado por Stalin, divide-se em Disneylândias opostas, uma de tipo consumista, outra de tipo ideológica. E ambas falsas e ilusórias, a fanatizar, estreitar e limitar os espíritos. E, também, a limitar o horizonte político e cultural da própria esquerda, que teria a obrigação de defender as liberdades sempre e em toda parte, muito especialmente, como queriam o liberal Voltaire e a revolucionária Rosa, a liberdade de quem pensa de modo diferente.
Yoani, depois de várias tentativas, conseguiu exercer o direito elementar de sair de Cuba e enfim, entre nós, prestar um testemunho subjetivo e, por certo, parcial, sobre as coisas, as pessoas e as instituições que vivencia e com que se defronta e confronta todos os dias. A ilha, por seu turno, não está imobilizada no tempo: tem conhecido ultimamente reformas econômicas que, pelo menos na teoria, privilegiam a iniciativa dos indivíduos e limitam a paralisia asfixiante que parece característica irremovível dos regimes extremamente centralizados e “estatólatras”.
Tudo isso é positivo, mas não basta. Além do dinamismo econômico, a transição cubana, que só os voluntariamente cegos não veem já estar em pleno curso, precisaria assentar numa sociedade civil viva, feita de uma multiplicidade de indivíduos livres e capazes de pensar por si mesmos, como a própria Yoani. E feita também, evidentemente, de um tecido associativo que a resguarde de restaurações mafiosas, tal como a que, aliás, aconteceu na antiga matriz soviética, e dê alento a uma nova esquerda capaz de se movimentar no ambiente liberado das travas do partido-Estado – ambiente que, não tenhamos dúvida, mais cedo ou mais tarde virá.
Ao falar deste tipo de questão, estamos falando também de nós, do tipo de esquerda que temos (pelo menos em parte) e das suas estruturas mentais forjadas, como o enferrujado aço stalinista, no tempo da guerra fria. A propósito, não custa nada tirar da prateleira ou xeretar nos sebos o Ivan Denisovitch e os ensaios lukacsianos que acolheram este Soljenitsin. Podem ser um bom começo de conversa.


*Júlio Câmara

Cinco anos após ter renunciado pressionado pelas mobilizações populares, Renan Calheiros volta à Presidência do Senado. Desde então, um abaixo-assinado pedindo a renúncia de Renan arrecadou mais de 1 milhão de assinaturas e diversas manifestações estão sendo organizadas para exigir o seu impeachment, já que ele é acusado pela Procuradoria-Geral da República de ter praticado três crimes: peculato, falsidade ideológica e utilização de documento falso.

Na prática, Renan Calheiros roubou dinheiro público: Gastou verba do seu gabinete e apresentou notas fiscais falsas na prestação de contas. E agora substitui José Sarney com o apoio da base do  Governo Federal, em uma votação secreta, que considera importante a aliança com Renan para a aprovação de projetos.


Passeata contra Renan Calheiros em Porto Alegre

O último fim de semana foi de mobilização e ocupação das ruas de mais de 30 cidades do Brasil com gritos de “Ôô Renan, agora eu sei: o teu lugar é na cadeia com o Sarney”.  Em Porto Alegre, com diretórios acadêmicos, DCE’s e movimentos sociais, fomos mais de 300 do Parque da Redenção até a Usina do Gasômetro denunciando Renan com palavras de ordem, músicas e panfletos muito bem recebidos pela população que não vacilou ao manifestar seu apoio.

Em São Paulo, a Avenida Paulista foi ocupada por quase 1.500 pessoas, com representações de DCE’s, Grêmios Estudantis, professores e diversos movimentos sociais, durante algumas horas.

Em Belém, no Pará, o ponto de diálogo com a população para denunciar Calheiros foi a Praça da República diante do monumento que representa o regime democrático e a liberdade. Na cidade, estamos organizando um próximo ato para o dia 10 de março, às 9h, no mesmo lugar.

Na capital do Rio de Janeiro, a caminhada foi na orla de Copacabana com gritos e cartazes exigindo a saída de Renan. Com adesão de banhistas pelo caminho, o ato foi encerrado no Leme.

Além da entrega das 1,6 milhão de assinaturas do abaixo-assinado no próprio Senado, também ocorreram manifestações populares próximas ao Senado.

A eleição de Renan  Calheiros para a Presidência do Senado é um deboche para a população brasileira. Não podemos assistir esse desrespeito pelos noticiários, precisamos ser protagonistas da nossa história. Pelo fim da corrupção nós seguiremos Juntos! nas ruas para fazer ruir os pilares da velha política!

*Júlio Câmara é do Grupo de Trabalho Estadual do Juntos! RS

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


Foram encaminhadas propostas para resolver o atendimento de rotas de ônibus da UEPA e UFOPA.

Por Felipe Bandeira[1]

Mudam as cores do governo, mas em essência a população padece dos mesmos e velhos problemas. A questão do transporte público está caducando em Santarém e as soluções apresentadas são insuficientes. Isto porque se parte do pressuposto de que este é um gasto por demais oneroso para o município, e melhor mesmo é deixar a iniciativa privada organizar com “bem entender” a oferta do serviço. Para início de conversa, proponho repensarmos os adjetivos. Ruim continua sendo ruim.
Na última quinta-feira (21) ocorreu na SMT (Secretaria Municipal de Transporte) uma reunião onde foi discutido, sobretudo, a precariedade do serviço dos ônibus e a tarifa da passagem estudantil, congelada desde 2008 em 65 centavos.
O debate por parte do poder público girou em torno da “conciliação de classes”, alegando que os estudantes devem ter “maturidade” para entender as dificuldades empresariais frente a uma cidade sucateada em suas vias, e que seria razoável que a tarifa para os estudantes acompanhassem pelo menos o acréscimo da inflação.
Trocando em miúdos, pelo que ficou caracterizado é consenso por parte do poder público o aumento da tarifa estudantil. Enquanto UES e representante da categoria estudantil, defendi a permanência do congelamento. Não se pode livrar o Estado de suas atribuições.
O planejamento para esse setor foi sempre um grande mal entendido, nunca se pensou em resolver problemas, mas sim em empurrá-los com a barriga. Não teremos um transporte público de qualidade se não rompermos com esta lógica. Quem passa na catraca dos ônibus não pode arcar com todos os custos deste serviço.
Neste ano temos uma tremenda batalha: barrar o descongelamento da passagem estudantil! Esta é uma pauta inclusive pedagógica. E temos que nos apropriar cada vez mais deste debate.



Em relação a alguns encaminhamentos da reuião, alguns pontos devem ser esclarecidos e demonstra uma vitória para o movimento estudantil.

UEPA
A universidade Estadual do Pará é um caso emblemático em nossa cidade. Possui toda a estrutura para a oferta do serviço (parada de ônibus, sinalização, faixa de pedestre) e, no entanto, não há nenhuma rota de transporte coletivo que contemple os estudantes desta instituição.
Neste sentido, ficou encaminhado um estudo e análise do local por parte da SMT, e no máximo daqui um mês, ou seja, 21 de março, a secretaria irá efetuar, se preciso, licitação para uma nova rota de ônibus que atenda o local, ou repensar as rotas já existentes para passar em frente ao campus.

UFOPA
No caso da UFOPA, os problemas levantados foram as rotas de ônibus para o campus da Marechal Rondon - que se assemelha com o problema da UEPA (parada de ônibus, boa trafegabilidade das ruas) -  e no entanto, nenhuma linha atende a universidade.
Foi encaminhado uma revisão das rotas que já passavam por lá em anos anteriores, e no máximo em 2 semanas, ou seja, dia 7 de março, o problema estará sanado.
Sobre o campus Tapajós, a SMT irá notificar as empresas para cumprirem seus itinerários, e efetuar a fiscalização no local.     

Vamos ficar atentos com os prazos!

[1] Coordenador Geral da UES, estudante de Ciências  Econômicas – UFOPA e militante Juntos! Juventude em Luta!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Por Ronilson Santos*
Imagem meramente ilustrativa. Foto reprodução
Prezados,
Pedimos a compreensão de todos, pois neste final de semana este blog estará passando por algumas mudanças, visando melhorar o layout, deixá-lo mais fácil de navegar e integrá-lo às redes sociais. No entanto, isto não afetará a navegação, e o blog continuará no ar.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013


Está marcado para o dia 14 de março de 2013 as eleições para a nova gestão do DCE – UFOPA 2013/2014.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) é uma entidade fundamental para organização estudantil, e ao longo dos anos vem travando intensas lutas na defesa dos direitos destes.  
Os interessados em participar das chapas devem se inscrever das 08h do dia 18 de fevereiro, até às 20h do dia 20 de fevereiro de 2013.
Para mais informações segue abaixo o Edital de convocação e o regimento eleitoral.


Edital de Convocação


Regimento Eleitoral
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