quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Ocorrerá no dia 10 de setembro de 2011 (Sábado) a Plenária Municipal da UES que decidirá a posição da entidade sobre a criação do estado do Tapajós. O evento terá início às 14 horas e será realizado no Auditório da Casa de Cultura de Santarém.
O objetivo da Plenária é debater os fatores sociais, políticos, econômicos e culturais que estão envolvidos na proposta de redivisão territorial do estado do Pará, que será apreciada em plebiscito pelo povo paraense no dia 11 de dezembro deste ano.
Para tanto, o evento iniciará com a mesa redonda Estado do Tapajós em debate, que terá como debatedores o professor Manuel Dutra (doutor em comunicação social, UFPA), Aluízio Leal (doutor em economia) e Padre Edilberto Sena, ativista social e ambientalista, diretor da Rádio Rural de Santarém.
Após a mesa redonda, os estudantes presentes na Plenária terão oportunidade de debater entre si sobre a criação dos novos estados, sendo que, ao final, será realizada votação que decidirá qual o posicionamento que a UES adotará acerca do tema. Terão direito a voto todos os estudantes matriculados em instituições de ensino superior de Santarém no 2º semestre de 2011. As inscrições (gratuitas) já estão sendo feitas na sede da entidade.
A realização da Plenária Municipal da UES reforça a tradição democrática da entidade, cujas principais deliberações são tomadas diretamente pela base estudantil, formada por mais de dez mil universitários. Ademais, o evento é um chamado aos estudantes de Santarém para que sejam parte ativa das discussões sobre a redivisão territorial do Pará, tema que estará no centro da pauta política do estado durante todo o segundo semestre de 2011.
Confira no 'Mais Informações' o Edital de Convocação da Plenária Municipal da UES, que contém as regras básicas do evento.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Por Lucas de Mello
Diretor de Universidades Públicas da UNE (Oposição) e militante do Coletivo Nacional Levante!

A palavra de ordem que marcou a ocupação da reitoria da UFF ecoa em todas as universidades do Brasil. Cada dia é uma nova ocupação de reitoria, indicativo de paralisação ou greve estudantil (UFSC, UFES, UFPR, UEM, UFF, etc..).
É intensa também na juventude brasileira a inquietação que cresce no mundo. Mais do que apenas luta corporativa, as mobilizações estudantis estão colocando em questão um modelo político, econômico, cultural e social, que reproduz opressão e a exploração. Na universidade, sua estrutura funcional e projeto político pedagógico reproduzem e desenvolvem este modelo civilizacional.
O governo readequa a universidade para que melhor se adapte ao desenvolvimento do capitalismo, que vive uma das maiores crises de sua história. O desmonte do caráter público, a transferência de recursos públicos para a iniciativa privada, a expansão sem recursos, formação aligeirada, aprofundam a insatisfação da comunidade acadêmica, em especial os estudantes, que vivem cotidianamente os problemas decorrentes desse processo.
A juventude protagoniza os maiores enfrentamentos a essa ordem em todo o mundo. Grécia, Espanha, Chile e agora espalhado em todo o Brasil. Nas principais universidades do Brasil os estudantes saem às ruas. É o sopro de novos tempos.
De nada adianta a simples reafirmação de pautas históricas, como vem sendo apontado pela União Nacional dos Estudantes com a defesa dos 10% do PIB pra educação, se a jornada de lutas da entidade não aponta a raiz do problema – o projeto de educação do governo – e articula pelo movimento o enfrentamento desse projeto. Foi na construção do movimento estudantil real nas universidades que amadureceram as condições para a radicalização. Desde a implementação forçada do Reuni nas Federais e os ataques nas Estaduais os DCEs, CAs e DAs vem acumulando forças nas pautas locais e preparando a avenida para esse novo momento.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

BRASÍLIA - A luta por reforma agrária e mais verbas para a educação unificou uma série de movimentos sociais nesta quarta-feira (24/8) e levou milhares de camponeses, estudantes e sindicalistas às ruas de Brasília. Segundo os organizadores, de 15 mil a 20 mil pessoas foram à Esplanada dos Ministérios protestar contra o que consideram descaso do governo. No resto do país, a Via Campesina, um dos promotores das manifestações, calcula ter mobilizado 60 mil pessoas.
“Quando se trata das dificuldades enfrentadas pelos grandes banqueiros e empresários, a resposta do governo é muito rápida, como no caso da recente e vergonhosa isenção de impostos para o setor industrial”, reclamou um dos coordenadores da Via Campesina e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Andreoli. “Nós, trabalhadores, estamos nas ruas, fazendo a nossa parte. Esperamos que o governo também faça a dele, sem utilizar a velha desculpa da correlação de forças desfavorável”, completou.
A Jornada Nacional de Lutas teve início segunda-feira (22/08), quando três mil famílias de sem-terra começaram a acampar em Brasília. E encorpou nesta quarta-feira, com a chegada de caravanas de estudantes e de centrais sindicais à capital federal.
Os manifestantes entregaram a pauta unificada das 15 entidades que organizam o ato ao secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, ao presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), e ao vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Brito. O objetivo era garantir que tudo fosse conhecido pelos três poderes.
Pauta unificada, pautas específicas
As duas principais banderias da Jornada são reforma agrária e mais dinheiro para a educação, mas há uma ampla lista de pedidos, porque são muitas entidades diferentes mobilizadas. Há reivindicação por redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, aumento para funcionários públicos, mudanças na política econômica e fim do fator previdenciário, por exemplo.

domingo, 21 de agosto de 2011

O dia 20 de agosto de 2011 foi marcado, em várias cidades do Brasil e do mundo, por manifestações de protesto contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu, município de Altamira/PA. Em Santarém não foi diferente. Cerca de 100 pessoas atenderam a convocação da UES e da FDA  e foram às ruas dizer não ao “Belo Monstro” do governo Dilma. A concentração para o ato começou por volta das 18 horas na Praça da Matriz. Os manifestantes caminharam pela orla da cidade, com faixas, cartazes e entoando palavras de ordem como “Não, não, não. Belo Monte não. O Xingu é nosso e não abrimos mão!”.
A hidrelétrica de Belo Monte, cuja construção custará cerca de R$ 30 bilhões aos cofres públicos, é considerada por inúmeros especialistas, movimentos sociais e ambientalistas como um verdadeiro desastre social e ambiental, que causará a destruição da vida no rio Xingu e a expulsão dos povos indígenas de suas terras. Além disso, a energia gerada pela usina não será destinada aos povos da Amazônia, mas apenas para as grandes empresas eletro-intensivas do centro-sul e multinacionais que exploram as riquezas da Amazônia, como a Vale do Rio Doce, ALCOA e MRN.
Durante a caminhada pela orla da cidade, os manifestantes chamaram atenção da sociedade para a possibilidade de construção de 5 usinas hidrelétricas no rio Tapajós, obra que, se concretizada, levará a uma dramática destruição da biodiversidade do rio que banha Santarém. Os povos tradicionais do Tapajós, assim como os povos indígenas do Xingu, estão na iminência de serem expulsos de suas terras e verem sua cultura destruída em virtude da construção de hidrelétricas.
Os estudantes presentes na manifestação aproveitaram o momento para inserir pautas ligadas à educação. “O governo Dilma gastará 30 bilhões de reais na construção de Belo Monte, para destruir a natureza e os povos indígenas. Ao mesmo tempo, se recusa a investir verbas suficientes para garantir uma educação pública de qualidade. Por isso, estamos na rua contra Belo Monstro e em defesa da aplicação de 10% do PIB brasileiro na educação”, afirmou Heloise Rocha, diretora do DCE-UFOPA e militante do movimento Juntos! Juventude em luta.
Outra participação de destaque foi a do Movimento Popular de Luta por Moradia de Santarém. Margarete Teixeira, uma das lideranças do movimento, lembrou que a construção de Belo Monte vem expulsando centenas de famílias de suas terras e casas, aumentando o caos social no município de Altamira. Ademais, Margarete criticou duramente os governos federal, estadual e municipal, que não têm uma política consistente de habitação e moradia, situação que motivou cerca de 500 famílias a ocuparem a margem direita da Av. Fernando Guilhon em Santarém – bairros Vista Alegre do Juá e Salvação.
O ato público em Santarém foi parte de um processo de mobilização internacional contra Belo Monte. Em 13 países estão confirmadas manifestações em frente às embaixadas brasileiras. A maior parte delas ocorrerá na segunda-feira, 22 de agosto. No Brasil, houve protestos em 13 cidades. Os maiores aconteceram nas cidades de São Paulo e Belém, que reuniram cerca de mil pessoas cada um.
Para Anderson Castro, liderança do movimento estudantil da capital paraense, “Este ato tem uma importância fundamental, pela primeira vez a gente consegue unir forças a nível internacional para lutar contra a construção de barragens na Amazônia e nós fazemos um convite para a juventude indignada que venha para somar nesta luta”.
Uma característica importante desse processo de luta contra Belo Monte é o forte protagonismo da juventude. A cada dia que passa, os jovens brasileiros adquirem mais consciência do seu papel histórico e por isso vêm tomando as ruas em defesa de pautas políticas, sociais e ecológicas. Em Santarém isso foi muito claro no ato público contra Belo Monte: a absoluta maioria dos manifestantes era formada por jovens estudantes, universitários e secundaristas, que deram um clima agitado e descontraído ao protesto.
A passeata encerrou na Praça São Sebastião, local onde ocorria a Feira da cultura popular. No entanto, a luta contra as hidrelétricas na Amazônia não se encerra no dia 20. Os movimentos sociais e a juventude indignada estão dispostos a seguir a luta em defesa dos rios, das florestas e da vida na Amazônia. De acordo com Ib Tapajós, coordenador geral da UES, “o combate a Belo Monte é uma questão crucial para nós, pois trata-se de uma luta histórica que já dura mais de vinte anos. Barrar Belo Monte significaria dar um exemplo a todos os povos da Amazônia de que é possível enfrentar o grande capital em defesa de uma Amazônia soberana. Por isso, seguiremos firmes nessa batalha”.
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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A Campanha Nacional pelo Direito à Educação lançou no começo da manhã de hoje, 17 de agosto de 2011, Nota Técnica que demonstra a necessidade de investimento de cerca de 10% do PIB para a educação pública alcançar um padrão mínimo de qualidade na próxima década.
A divulgação do estudo (veja aqui o texto) faz parte da programação do 7º Encontro Nacional da Campanha, que tem como tema “PNE pra Valer! A educação que o Brasil quer e precisa”.
Na tarde de hoje (quarta-feira, 17/8), cerca de cem participantes do Encontro seguirão juntos ao Congresso Nacional para um "arrastão" nos gabinetes dos parlamentares que compõem a Comissão Especial do PNE. O objetivo é entregar a Nota Técnica com o intuito de incidir na tramitação do novo Plano Nacional de Educação.
Nota Técnica
Utilizando a mesma metodologia da planilha de custos do MEC (conheça o texto), o estudo comprova que a proposta do Governo Federal para o novo PNE é insuficiente para garantir o direito à educação de qualidade.
Para o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, o Brasil não pode perder mais uma década em termos de direitos educacionais. “Investir 7% do PIB em educação pública significa manter apenas a expansão precária do acesso à educação. Nosso estudo mostra que investir cerca de 10% do PIB garante um padrão mínimo de qualidade, que não é o ideal, mas representa um primeiro passo”.
Enquanto em sua planilha de custos o MEC calcula que o Brasil precisa investir aproximadamente R$ 61,058 bilhões na próxima década para cumprir com as metas do novo PNE, o estudo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação apresenta uma necessidade de R$ 169,830 bilhões.
Em termos de investimento como proporção do PIB, para a educação pública brasileira alcançar um padrão mínimo de qualidade, a Campanha verificou a necessidade de uma meta de investimento na ordem de 10,403% do Produto Interno Bruto.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Diretoria da UES - Tecendo o amanhã,
eleita em outubro de 2009.
Em reunião realizada no último Sábado (13-08-2011), a diretoria da União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém (UES) decidiu pela realização de uma Plenária Municipal para discutir com a categoria estudantil a proposta de redivisão territorial do estado do Pará, principalmente em relação à criação do estado do Tapajós.
A diretoria apontou como indicativo de data o dia 10/09 [data a ser confirmada]. Na ocasião, além de debater a temática posta, os estudantes universitários de Santarém terão a oportunidade de decidir qual a posição que a sua entidade representativa assumirá sobre o projeto de criação do estado do Tapajós.
A realização dessa Plenária municipal da UES está em consonância com a tradição democrática da entidade, cujas principais deliberações são tomadas diretamente pela base estudantil, e não apenas pela diretoria. O espaço deliberativo fundamental da UES são os Congressos Universitários de Santarém, realizados de dois em dois anos, os quais aprovam as resoluções que "guiam" a atuação dos diretores eleitos.
Como o tema Estado do Tapajós ainda não havia sido objeto de deliberação em um Congresso Universitário, a Diretoria Tecendo o amanhã (eleita para o biênio 2009-2011) resolveu convocar a categoria para discutir e aprovar um posicionamento sobre o mesmo, tendo em vista que a divisão do Pará será um dos principais temas na agenda de debates do estado neste segundo semestre de 2011.
Dessa forma, além de desempenhar a função de catalisadora do debate sobre o tema entre os acadêmicos do município, a UES dará ao conjunto da sociedade santarena um exemplo de democracia e legitimidade política, convocando sua base, formada por mais de dez mil universitários, para manifestar soberanamente sua opinião sobre os novos estados.
Confira em breve, neste blog, mais detalhes sobre o evento - confirmação de data, local, programação etc.
Até a realização da Plenária, utilizaremos este espaço para difundir o debate sobre a reorganização territorial do estado do Pará, postando textos com posicionamentos diversos sobre o tema.
Saudações estudantis!
UNIÃO DOS ESTUDANTES DE ENSINO SUPERIOR DE SANTARÉM - UES
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Por Leila Bentes*
MARCHA DAS VADIAS ???
Esta deve ter sido a primeira frase que muitos homens e mulheres devem ter repetido ao ouvirem esse nome e, realmente o nome gera certo “desconforto” para algumas pessoas, pois traz em seu significado uma carga de (pré) conceito muito grande.
E foi com esse nome, “Marcha das Vadias” no inglês “SlutWalk”, que centenas de mulheres saíram às ruas,  no Canadá, para protestar contra a violência sexual.  O nome escolhido surgiu em forma de protesto às declarações machistas de um policial. O mesmo recomendava que, nós mulheres, teríamos que ‘evitar nos vestirmos como vagabundas, para não tornarmos vítimas de ataques sexuais’.A Marcha se apropria do nome “vadia”, que até então possuia um sentido pejorativo, e o (re) significa. “Se ser vadia é ser livre, então somos todas vadias”, diz a frase estampada em todas as marchas no Brasil.
E o que aconteceu no Canadá, de forma pública, acontece freqüentemente nas delegacias e locais de atendimentos as mulheres vítimas de violência sexual. A vítima sempre é questionada sobre suas roupas, suas condutas, seus hábitos e sobre seus parceiros sexuais, ocorrendo à inversão da culpabilidade: de vítima, ela passa a ser a culpada da agressão. A oposição rua X casa ainda é muito forte. Ela delimita lugares, impõem comportamentos – ao homem o público (rua) a mulher o privado (casa) – e quando rompemos com o parâmetro da “normalidade” há sempre uma ponderação nas falas ajustadas de milhares de brasileiros e brasileiras: “ também com aquela bermudinha e andando à noite o que esperava que acontecesse”.
No Brasil, a cidade de São Paulo foi a primeira capital brasileira a organizar a marcha seguida de outras cidades como Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Curitiba, Recife etc.
E agora, no dia 28 de Agosto, será a vez das mulheres de Belém (PA) tomarem as ruas para protestarem, não só contra a violência sexual, mas também contra qualquer tipo de opressão e ataque a dignidade e os direitos das mulheres paraenses.
Aconteceu hoje (16/08), na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém, o lançamento da Articulação Popular Pró-Tapajós (APPT), grupo formado por movimentos sociais do Baixo Amazonas no intuito de discutir e defender a criação do estado do Tapajós.  A APPT propõe uma agenda de mobilização e debates sobre os desafios que a sociedade terá pela frente na construção do novo estado. A seguir, a Carta Aberta lançada na manhã de hoje, onde as organizações apontam por que dizer SIM ao Tapajós.

SIM AO NOVO ESTADO DO TAPAJÓS
A criação do Estado do Tapajós sempre foi um ponto central da pauta de reorganização territorial e administrativa da imensidade amazônica. Um processo que já se desdobrou com a divisão do Estado de Mato Grosso, formando então o Mato Grosso do Sul (1977) e com a criação do Estado de Tocantins (1989).
Fruto da revolta de sua ocupação predatória, e com a “ausência do Estado” na região amazônica, a ideia do Estado do Tapajós é um projeto antigo, que tem percorrido toda a história da nossa região. Um projeto que agora volta para mais uma etapa: com o Plebiscito para a criação dos Estados do Tapajós e Carajás, quando pela primeira vez, o povo da nossa região será ouvido sobre a questão.
O Tapajós é parte integrante do bioma Amazônico, uma região que representa um terço das reservas de florestas tropicais úmidas do planeta, que possui o maior banco genético e abriga um quinto de toda a disponibilidade mundial de água doce.
Uma região riquíssima e de tamanho continental, que abriga numerosos povos indígenas, comunidades tradicionais, além de municípios, metrópoles e estados. Uma variedade e uma peculiaridade que não se encontram em outras regiões do Brasil.
Uma região que apesar desse imenso potencial, continua sofrendo com a “ausência do Estado”, quando verificamos que o Gasto Social per capita na Amazônia, ainda corresponde a pouco mais de 60% do Gasto Social per capita no Brasil. Com a pobreza e a falta de desenvolvimento persistindo para a maioria da população.
Por isso, a presença do Estado, ainda que seja como agente regulador, torna-se imprescindível. Ainda mais no Pará, que mesmo detentor da maior economia da amazônia, é o Estado com os piores índices de desmatamento e de desenvolvimento humano da região norte. Mais uma vez, comprovando a “ingovernabilidade” do seu enorme território, o que torna imprescindível a necessidade de sua redivisão territorial, com a criação de duas novas unidades federativas (Tapajós e Carajás).

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Por Mauricio Santos Matos*
A cada ano que passa, com a chegada de uma nova idade, temos a impressão de que não vamos nos surpreender com mais nada. Mas a sociedade capitalista é pródiga em nos oferecer surpresas. Desagradáveis, na maioria das vezes. Plantar árvores, no Brasil, virou crime.
Nos últimos oito anos e meio o país tem vivido situações complexas, contraditórias e até mesmo, bizarras. Em 2002, com a posse de Lula, ex-metalúrgico, primeiro presidente eleito por um partido com suas origens no proletariado, a imensa maioria dos trabalhadores acreditou que finalmente veria atendida suas demandas por justiça social, igualdade de direitos, distribuição de renda, fim da corrupção.
Não se pode dizer que o início tenha sido pouco inovador ou impactante. De fato, não o foi. Já no primeiro ano de governo a cúpula petista optou por levar adiante a Reforma da Previdência Social, nos moldes da proposta defendida pelo antigo governo, social-democrata no nome, neoliberal nas ações.
Rejeitada nas ruas, a retirada de direitos dos servidores públicos e a privatização parcial da previdência social, causou um enorme mal estar no interior do partido governante. Os parlamentares que votaram contra, foram expulsos; os filiados que repudiaram as expulsões, se desfiliaram. Daqueles que permaneceram, mas seguiram indignados, parte também saiu, tempos depois. Os que ficaram… se calaram, alguns contentando-se em ser a perna “esquerda” do novo governo social-liberal.
A burguesia brasileira, incluindo setores retrógrados da “classe média”, costumam fazer piadinhas sobre baixa escolaridade de Lula, que, como a maioria dos trabalhadores, precisou negligenciar – e até abandonar – seus estudos, para poder arrumar um emprego para seu sustento e de sua família. Entretanto, não se pode duvidar da inteligência e esperteza dos novos governantes.
Os governos petistas adotaram uma artimanha simples, mas eficaz, para neutralizar a oposição burguesa: tomaram posse das suas propostas. O que fizeram foi, simplesmente, usurpar as propostas defendidas pelos patrões, lhes dar um discurso de “esquerda” e apresentá-las com nomenclatura inédita. Não é nenhuma fórmula milagrosa, nem inovadora, mas foi muito cara à história do Partido dos Trabalhadores.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Por Ib Sales Tapajós*
Durante muitos anos, o Chile foi apresentado pelos arautos do neoliberalismo como um país modelo no que tange às políticas educacionais. Ainda hoje, mesmo com a enorme crise em que se encontra a educação chilena, há “especialistas” na América Latina que reivindicam os sucessos do sistema de ensino municipalizado, privatizado, competitivo e “eficiente” construído a partir da ditadura do general Augusto Pinochet, que governou o país a ferro e fogo de 1973 a 1990.
De fato, o Chile foi um verdadeiro laboratório do neoliberalismo, o primeiro país latino-americano a aplicar o receituário neoliberal, reduzindo drasticamente o âmbito de atuação do Estado para dar lugar à iniciativa privada. Na educação, foram realizadas sucessivas contra-reformas que negaram completamente o ideal de um ensino público, gratuito e universal.
A ditadura de Pinochet reduziu a menos da metade o gasto público em educação. A gestão das escolas foi descentralizada, passando para o controle dos municípios. Por outro lado, a meritocracia foi uma diretriz levada ao extremo pelo governo chileno, a ponto de se estabelecer distinção de salário entre os professores, de acordo com a “eficiência” e “produtividade” de cada um. O ensino privado, por sua vez, cresceu vertiginosamente, em decorrência principalmente dos subsídios concedidos pelo Estado às instituições particulares, que geraram lucros exorbitantes aos empresários da educação.
Em 1981, foi realizada a (contra) reforma que extinguiu a gratuidade no ensino superior. Hoje não há no Chile nenhuma universidade pública! Existem tão-somente universidades privadas e “mistas” (que recebem subsídios do governo). No lugar da gratuidade, criou-se um sistema de créditos “solidários” para ajudar os estudantes a pagarem os altos preços das mensalidades, que podem chegar a 4 milhões de pesos ao ano – o equivalente a R$ 16 mil. [1] Além de não abarcar a totalidade dos estudantes universitários, mas apenas os estudantes de renda mais baixa, esse sistema de créditos tem gerado um endividamento muito sério na juventude chilena, que, ao sair da Universidade, se depara com contas altíssimas que comprometem durante anos ou mesmo décadas sua renda – situação parecida (porém mais grave) à que ocorre atualmente no Brasil com o FIES. [2]
Contra esse sistema educacional excludente, os estudantes chilenos travam uma heróica batalha, que já dura cerca de dois meses. Centenas de milhares de jovens vêm tomando as ruas de várias cidades do Chile em defesa da educação pública e gratuita. O movimento estudantil chileno, ao contrário dos últimos governos do país, enxerga a educação como um direito social, e não como mercadoria; e luta para que a educação, em todos os níveis, sirva para promover o desenvolvimento do Chile, e não para gerar lucro fácil para um pequeno grupo de empresários.
A luta contra Belo Monte e o modelo de desenvolvimento do consumo e do mercado, exterminadores de sonhos e vidas, chega a uma etapa decisiva. Os monstros de ferro já chegaram ao Xingu. Máquinas que devoram árvores e aniquilam friamente pássaros e pequenos animais. Gritos e gemidos ecoam na floresta. Governos e políticos corruptos, empreiteiras e mineradoras, o capital, querem matar o rio Xingu para gerar energia para indústrias que poluem, superaquecem e destroem o planeta.
Contra este projeto de morte, milhares, milhões de mulheres e homens já estão organizados. Defendendo a vida, darão, sem hesitar, suas próprias vidas. EM DEFESA DOS POVOS, DA FLORESTA E DOS RIOS DA AMAZÔNIA! ATO MUNDIAL CONTRA BELO MONTE. EM CADA CIDADE, EM CADA PAÍS.
Em Santarém ocorrerá também um ato público contra a construção da usina de Belo Monte e das hidrelétricas no rio Tapajós. A manifestação está sendo articulada pela União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém (UES) e pela Frente em Defesa da Amazônia (FDA) e contará com a participação dos movimentos sociais da região que se opõem ao modelo de desenvolvimento econômico predatório imposto pelo governo federal na Amazônia.
A concentração para o ato será às 18h do Sábado (20) na praça da Matriz, com caminhada pela orla da cidade até o 'Mascotinho', local onde os manifestantes debaterão com a sociedade santarena sobre os reais interesses por trás de projetos como Belo Monte. Confira, em breve, mais informações aqui no blog da UES.
* Contatos: Ib Tapajós (UES) - (93) 9145-3010 e (93) 8804-3031.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Quase 500 estudantes lotaram o R.U. Central na noite da última quinta-feira (4) e para a Assembleia Geral dos Estudantes convocada pelo DCE da Universidade Federal do Paraná. O debate se deu em cima da Greve dos servidores (técnicos-administrativos e docentes da UFPR) e também em uma pauta de reivindicações apresentada pelo DCE, estruturada a partir do debate realizado no Conselho de Entidades de Base (CEB) do dia 1º de agosto. Com a casa cheia, em uma votação emocionante, a massa dos estudantes decidiram entrar em greve, com apenas três votos contrários e uma abstenção.
Na abertura da assembleia o DCE passou a fala aos convidados servidores do Sinditest-PR e da Apuf-PR. Carla Cobalchini, dos técnicos-administrativos, fez um resgate da luta na categoria que está em Greve Nacional desde 15 de junho. Carla explicou que um dos motivos da Greve é que o Governo Federal sequer aceita receber a categoria para negociar “para nós a educação é essencial, mas não é para o Governo porque se fosse ele já teria negociado e valorizado o profissional da educação”.
O presidente da ApufPR, Professor Luiz Allan, fez sua fala trazendo a notícia de que a assembleia dos docentes por 250 votos aprovou indicativo de greve “a direção do Sindicato foi atropelada pela base que queria fazer greve, o que é algo ótimo”.
Wagner Tauscheck, diretor do DCE e acadêmico de história, fez um histórico da construção do Diretório, que acompanhou a luta dos técnicos desde o início e se empenhou em levar um debate politizado sobre Greve no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) e de mobilizar os estudantes em plena férias para participar de uma Assembleia, que se mostrou um grande acerto com a quantidade de participantes e a qualidade do debate. Também do DCE, o estudante de C. Sociais Harethon trouxe a importância de pautas como a moradia, e o caráter exploratória das bolsas-permanência, além de fazer um resgate de lutas na UFPR, em especial da Greve de 2001 que garantiu a abertura do R.U. a noite, a passarela Botânico-Politécnico, fim das taxas no NAA, entre outras coisas.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Mais de 300 mil “indignados” saíram no último sábado (06 de agosto) às ruas das principais cidades de Israel para protestar pelo alto custo da habitação, aluguéis e da vida em geral. A principal manifestação teve lugar em Tel Aviv, onde mais de 200 mil pessoas se concentraram em torno da praça Habima, próximo de onde foi levantado um acampamento de protesto.
“O povo quer justiça social” ou “Toda uma geração demanda um futuro”, coreavam os manifestantes, emulando as palavras de ordem popularizadas durante as revoltas árabes na Tunísia ou no Egito, e as manifestações de distintas cidades espanholas.
A manifestação paralisou o tráfico em importantes zonas da cidade e foram reproduzidas em outras cidades como Jerusalém, Kiryat Shomna ou Eilat. Enquanto em Jerusalem cerca de 20 mil pessoas marcharam até a residência oficial do primeiro ministro Benjamin Netanyahu para exigir demissões na terceira semana consecutiva de manifestações, silenciadas pela imprensa internacional.
“É um despertar coletivo sem precedentes. Estamos sendo testemunhas de como o povo é solidário (...). O que começou como uma batalha por uma habitação acessível converteu-se em um movimento de protesto que é como uma bola de neve e agora fala de uma ampla mudança de sistema”, explicou um dos manifestantes em declarações publicadas pela edição digital do diário Yedioth Aharonoth.
Os ativistas chegam três semanas acampados no bulevar Rothschild de Tel Aviv ante o silêncio midiático internacional, para protestar pelo custo de vida e exigir uma habitação acessível em um movimento que está ganhando apoio dia após dia. A deste sábado é a terceira grande manifestação em Tel Aviv.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Foi em meio a uma série de palavras de ordem sobre os rumos da UNE e as barbaridades do governo Dilma, sobre as tragédias da construção de Belo Monte e da aprovação do Código (Anti-) Florestal, de apoio à luta internacionalista na Grécia e no Chile, dentre outras diversas, que traziam à tona o que havia de mais urgente na ordem do dia e era negligenciado pelas bancadas-base do governo federal, que percebemos a força da voz e da pauta das mulheres.
Os quatro dias passados em Goiânia, durante o período do 52º Congresso da União Nacional dos Estudantes e, principalmente, durante o I Encontro Nacional do Juntos!, foram extremamente significativos para o fortalecimento da organização das mulheres em luta, indignadas com a reafirmação cotidiana do desrespeito, da subjugação, da retirada de direitos.
“Mulher, mulher, qual é sua missão? Dirigir a luta pra fazer revolução!”
No encontro de fundação oficial do Juntos!, a resolução referente à nacionalização do Coletivo Juntas! foi um dos diversos marcos que nortearão nossa organização a partir de agora. Seremos, no país inteiro, literalmente de norte a sul, um coletivo de mulheres dispostas a travar dia após dia, em todos os espaços que ocupemos, a luta pela nossa emancipação, sem nos calarmos diante das contradições.
É justamente por não nos furtarmos dos debates mais difíceis e por trazermos à tona os temas da conjuntura que tanto nos indigna e que buscamos transformar, é pela coerência da nossa luta que tornou possível uma das intervenções mais emocionantes do 52º CONUNE, quando mulheres e homens, de toda a Oposição de Esquerda unificada, tiraram as camisas e as giraram no ar, entoando palavras de ordem clamando pelos direitos das mulheres.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011


Por Júlio Câmara (@juliocamara)
Estudante Secundarista e Presidente do Grêmio do Infante (RS)

Nos últimos dias vieram à tona as mais fortes denúncias contra Ricardo Teixeira nos 22 anos que ele se mantem como chefão das mais tenebrosas negociatas de uma paixão nacional, o futebol.
O último, e talvez mais desastrado, ato foi o evento de sorteio das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014 ter custado aos cofres dos governos do Estado e do Município do Rio nada menos que R$ 30 milhões. Na África do Sul, o mesmo sorteio foi promovido com apenas R$ 2 milhões e não foi menos digno pela diferença de R$ 28 milhões.
Se o valor gasto parece absurdo, logo se esclarece quando lembramos que a empresa contratada para realizar o evento é a GEO Eventos, que pertence 57% à Rede Globo e 37% à sua afiliada RBS. Este não é o primeiro favorecimento indecoroso que Ricardo Teixeira, o manda-&-desmanda da CBF, fornece a Rede Globo com quem é acusado de trocar favores como facilitar a compra dos direitos de transmissão do Brasileirão.
Os mesmos R$ 30 milhões embolsados pela Rede Globo, RBS e, ao que tudo indica, pelo próprio Ricardo Teixeira seriam suficientes para construir 10 postos de saúde, 8 UPAs , 10 creches que atenderiam 1.500 crianças, 3 escolas municipais ou 6 Arenas Cariocas (local para shows que suportam 270 pessoas).
Diante do sucesso financeiro do sorteio das eliminatórias, o Comitê Organizador Local, que tem o próprio Teixeira como presidente e Joana Havelange, filha de Teixeira e neta do ex- presidente da FIFA, João Havelange como secretária-geral, já manifesta interesse em realizar o sorteio dos jogos da Copa no Brasil, e não na Suíça como acontece tradicionalmente.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Por Jean Wyllys*

Como Deputado Federal pelo estado do Rio de Janeiro, mas também como cidadão homossexual e ativista de direitos humanos, estou propondo ao Congresso Nacional a aprovação de uma proposta de emenda constitucional (PEC) para garantir o direito ao casamento civil a todas as pessoas, sejam elas gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais ou heterossexuais.
Quer dizer, os mesmos direitos com os mesmos nomes, porque a nossa Constituição Federal diz que todas as pessoas são iguais perante a lei e não devem sofrer discriminação (arts. 3º e 5º). Esses princípios, além de fazerem parte do nosso texto constitucional, são lei para todos os países que assinaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, estabelecida nos artigos 1º e 7º.
O princípio da igualdade e o direito a não sofrer discriminação são reconhecidos também na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (art. 2º), no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (arts. 2º e 26), na Convenção Americana sobre Direitos Humanos (art. 1º) e no Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (art. 2º), entre outros instrumentos de direito internacional.
Isso deveria bastar para que a discussão sobre o casamento igualitário terminasse aqui, mas, como disse George Orwell em "A Revolução dos Bichos", "Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros". Na vida real, é isso mesmo que acontece com as pessoas.
A história registra muitos exemplos de debates sociais semelhantes. "Mulher votando? Mulher, quem sabe, Chefe da Nação?", perguntava-se Drummond na década de 1920, em poesia dedicada a Mietta Santiago. A primeira pergunta do poeta foi respondida com a promulgação do Código Eleitoral de 1932, que deu às mulheres o voto. A segunda demoraria quase cem anos: a eleição, em 2010, da primeira mulher presidenta da República.
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