segunda-feira, 28 de março de 2011

Por Felipe Bandeira*
Quando penso nas discussões sobre educação, logo me vem à cabeça a imagem de um equilibrista em cima de uma linha tênue. Nas mãos segura uma vareta que sustém vários pratos rodopiantes. O equilibrista se sustenta como pode, suportando o devaneio das forças que o puxam para baixo. Uma imagem típica de circo.
No nosso circo educacional, as políticas públicas e a própria estrutura metodológica do ensino desequilibram ainda mais o acrobata exausto. Dentre elas destaca-se o corte de 50 bilhões de reais das despesas públicas. A medida, implementada já pelo governo Dilma, prevê que pelo menos R$ 1 bilhão deverá vir do orçamento destinado ao Ministério da Educação.
As atitudes nocivas ao padrão de qualidade que queremos construir para nossas escolas e universidades fazem parte de uma estimativa obscura que nos atormenta há séculos. O panorama histórico é bastante claro. As políticas praticadas durante a ditadura militar sufocaram nossos potenciais criativos; o modelo desenvolvimentista, as agrovilas, os mega projetos se mostraram insuficientes em atender as aspirações da população e devastaram nosso potencial biológico e econômico, desrespeitando os povos que já viviam na região.
Esses projetos almejavam priorizar banqueiros e empresários internacionais e surgiram como indicadores pulsantes da relevância que a Amazônia representou - e representa - para os políticos remanescentes desse período, que infelizmente infestam Brasília. Para eles, pouco importa se o pobre, o caboclo, o amazônida está tendo acesso à educação de qualidade. O que importa são os montantes de dinheiro que acumulam logrando o cidadão. Há muito tempo que a educação, saúde, infraestrutura, enfim, os serviços públicos estão sucateados e inoperantes. A educação é apenas uma das faces amostra que de tão violentada, mal consegue se reerguer.
A UFOPA, criada a partir da fusão de duas universidades (UFPA e UFRA), herdou essa problemática e, ao que parece, os encaminhamentos não têm articulações satisfatórias. É visível o estado deplorável do modelo acadêmico anterior que articulava metodologia e conceitos defasados. A Universidade ainda não conseguiu extinguir o modelo de formação exclusivamente mercadológica direcionada na “fabricação enlatada” de contingentes profissionais apáticos aos latentes problemas sociais.
Em visível atitude de intolerância, a coordenação da UFOPA tapa os ouvidos às críticas e opiniões que divergem das suas, criando uma falsa homogeneidade nas ações da instituição, mascaradas pela repressão aos pensamentos contrários. Na UFOPA não existe contraponto, o que existe é um discurso seguido de um ponto final, entorpecido aos argumentos contrários.
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* Felipe Bandeira é acadêmico 2011 da UFOPA.
** Artigo publicado originalmente no blog Debate na Web.

sexta-feira, 25 de março de 2011

A Frente em Defesa da Amazônia (FDA) e a União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém (UES) convidam toda a população de Santarém e baixo Amazonas a participar da Assembléia Popular sobre as Hidrelétricas na Amazônia - "O Capitalismo transformando nossos rios em mercadoria", que ocorrerá na próxima quinta-feira, dia 31 de março de 2011, no Salão da Escola São Raimundo Nonato – Rua 24 de outubro, Aldeia – próximo à Praça Tiradentes, com inscrição à partir das 13 horas, no local do evento.
A assembleia tem como objetivo compreender e discutir os principais impactos sociais, ambientais e culturais causados pelas usinas hidrelétricas nos rios da Amazônia, bem como definir estratégias de resistência e ações concretas dos movimentos sociais e da sociedade em geral contra as hidrelétricas na Bacia do Tapajós [estão previstas 5 usinas para o rio Tapajós]. 

Confira a PROGRAMAÇÃO do evento:
  • 13 horas – Inscrições
  • 14 horas - Mesa 1: Os impactos sociais e ambientais nas Hidrelétricas de Jirau (Rondônia) e Belo Monte (Altamira)
  • Abertura para perguntas e debate
  • 18 horas - Apresentação do Texto sobre a Morte decretada do Tapajós – Juan Robles
  • 18:30 horas - Intervalo
  • 19 horas - Mesa 2: Estratégias de resistência e propostas – Senadora Marinor Brito, OAB, MPF, MPE e Movimentos Sociais.
  • Apresentação de carta e calendário de ação da Assembleia.

quinta-feira, 24 de março de 2011

O Supremo Tribunal Federal (STF) anulou nesta quarta-feira (23/03) a validade da Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2010.Com o voto do ministro Luiz Fux (foto ao lado), o Supremo formou entendimento de que a lei não poderia ter sido aplicada na última eleição por causa do chamado princípio da anualidade.
Tal decisão trouxe grandes alterações na configuração das Casas Legislativas do Brasil, beneficiando políticos como Jader Barbalho (PMDB-PA), Cássio Cunha Lima (PSDB-PBO), Paulo Rocha (PT-PA), João Capiberibe (PSB-AP), Marcelo Miranda (PMDB-TO), eleitos para o Senado.
A posição do STF é considerada por muitos como um duro golpe na participação popular, já que o projeto da lei do ficha limpa contou com mais de um milhão de assinaturas do povo brasileiro.
As palavras do Professor Luiz Araújo que transcrevemos a seguir exprimem bem o sentimento da maioria do povo brasileiro, especialmente da sociedade civil organizada, que vem lutando arduamente pela moralização da vida política no país.

"Ontem à noite o Supremo Tribunal Federal confirmou a regra de que nossa sociedade caminha para consolidar uma hegemonia conservadora. 
A Lei da Ficha Limpa foi fruto de uma proposição protagonizada por mais de um milhão de assinaturas e sua aplicação nas eleições de 2010 detonou com candidaturas de tradicionais raposas da política brasileira, sempre eleitos à custa da compra de voto e de esquemas de corrupção.
A decisão de ontem anula boa parte deste esforço de participação social. A votação estava empatada desde o ano passado. O novo ministro, indicado pela presidenta Dilma, decidiu se aliar com os setores mais conservadores do Supremo.
Com esta decisão vários políticos retornarão à Câmara e ao Senado, piorando muito a composição atual, que já é bastante conservadora. Deixo aqui registrada a minha indignação como cidadão brasileiro, que como tantos outros, quer ver a vontade da maioria do povo respeitada."

quarta-feira, 23 de março de 2011

Desde o dia 14 de março de 2011 teve início a campanha eleitoral para escolha da nova diretoria do Diretório Central dos Estudantes da Universidade do Estado do Pará (DCE/UEPA).
Participam do processo duas chapas: a) chapa 1: A UEPA que queremos, composta por estudantes ligados à Assembléia Nacional dos Estudantes - Livre! (ANEL); b) chapa 2: Todas as Vozes, formada por militantes dos coletivos estudantis Romper o Dia! e Vamos à Luta ( coletivos que compõem a oposição de esquerda na União Nacional dos Estudantes  - UNE), bem como por vários estudantes independentes.
A votação ocorrerá no dia 6 de abril de 2011 (quarta-feira). Conheça o programa e as propostas das chapas em seus respectivos blogs: A UEPA que queremos; Todas as vozes.
Deputado Federal Jean Wyllys
(PSOL/RJ)
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL/RJ) sofreu três ameaças de morte na última sexta-feira (18/03) pelo Twitter. Professor e ex-participante do Big Brother Brasil, ele atribui os ataques a fanáticos religiosos que se opõem a ele por defender no Congresso a aprovação da união civil homossexual. Wyllys também é a favor da distribuição de material didático anti-homofobia (chamado pejorativamente de “kit gay”) nas escolas.
Uma das mensagens direcionadas ao deputado nesta tarde dizia: “é por ofender a bondade de Deus que você deve morrer”. A segunda ameaçava: “cuidado ao sair de casa, você pode não voltar”. E, por fim, outro recado na rede social afirmava que “a morte chega, você não tarda por esperar”.
O baiano respondeu avisando que denunciaria os casos a delegacia de crimes virtuais. “São fanáticos, são pessoas doentes”, afirma. “Não posso minimizar a responsabilidade dos pastores evangélicos nisso, porque eles conduzem as pessoas demonizando minorias”.

Em resposta às ameaças, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais divulgou Nota de Solidariedade ao deputado. Confira a seguir:

A ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, em nome de suas 237 organizações afiliadas, vem a público se solidarizar com o Deputado Federal Jean Wyllys, que no dia 18 de março recebeu três ameaças de morte em seu twitter.
É lamentável que uma pessoa seja ameaçada de morte – ainda em nome de deus – porque defende a igualdade de direitos da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). Vivemos em uma democracia regida por uma constituição. Não vivemos em uma teocracia regida por um livro sagrado. Uma democracia é por definição um sistema em que todos e todas têm direitos e deveres, incluindo o direito à vida e o dever de não praticar crimes, entre muitos outros.
O Deputado Jean Wyllys está apenas procurando fazer cumprir os artigos 3º e 5º da Constituição, que estabelecem, respectivamente , que não haverá discriminação, e que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Pois a população LGBT sofre discriminação – comprovada através de diversos estudos científicos conduzidos por instituições de renome – e ainda não goza plenamente da igualdade perante a lei em vários quesitos, entre eles o reconhecimento da união estável entre casais do mesmo sexo.
A ABGLT pede que as autoridades competentes investiguem o caso, identifiquem e apliquem as penas apropriadas aos autores desses atos covardes.
A ABGLT solicita ao Deputado Federal Jean Wyllys não se deixe ser intimidado pelas ameaças e que siga dando um belo exemplo de um parlamentar a serviço de seu eleitorado, cumprindo seu mandato com ética e conforme os princípios constitucionais.

ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
 
Fonte: Site do mandato do Deputado Jean Wyllys

terça-feira, 22 de março de 2011

Teve imensa repercussão a manifestação do movimento estudantil santareno ocorrida durante a aula magna da Universidade Federal do Oeste do Pará na última sexta-feira. Em resposta, a Reitoria da UFOPA divulgou nota de esclarecimento em que afirma estar tomando as devidas providências, com a instauração de processos administrativos disciplinares, para apurar e punir os responsáveis pelo ato "irregular".
Mais uma vez a gestão Seixas mostra sua face visceralmente autoritária e repressiva. O pró-reitor de planejamento, Sr. Aldo Queiroz, deu entrevistas à imprensa reiterando as ameaças contra os manifestantes. E, na manhã de hoje, tivemos notícia de que já foi instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD)  contra o Professor Gilson Costa, que apoiou e participou da manifestação; bem como foi iniciada uma sindicância para averiguar quais acadêmicos estavam envolvidos no protesto, com vista à posterior instauração de mais processos disciplinares.
Essa atitude ditatorial da Reitoria tem provocado reações e repúdio por parte da comunidade acadêmica da UFOPA, bem como da sociedade em geral, que vêm se mostrando solidária ao movimento estudantil. O Blog do Jeso tem sido local de grandes discussões sobre o tema. Transcrevemos a seguir algumas das manifestações de solidariedade ao movimento publicadas no blog.

Paulo Lima (Professor universitário, do IESPES):
Muitos de nós participou com maior ou menor intensidade no movimento estudantil. O movimento estudantil tem uma história de contribuição para nossa democracia e para a formação de importantes lideranças nacionais. Muitos estão nos governos, nas entidades da sociedade civil, nas instituições de ensino superior ou com seus próprios negócios. O movimento estudantil deve ser estimulado e ser parte da vida social e política de qualquer processo de formação educacional. Se perdermos essa noção básica da democracia estaremos “castrando” a capacidade de criticar e sentir-se parte da construção da cidadania de nossos jovens. Pior, estaremos, na prática, violentando o passado de muitos daqueles que lutaram pelo reestabelecimento da democracia no Brasil e pela educação pública e gratuita de qualidade.
Como os jovens estudantes de Santarém e região eu me posicionei, muitas vezes em atos públicos e de visibilidade, contra a arbitrariedade da ditadura na universidade que estudei. Eu me sinto parte da transformação daquele modelo autoritário num projeto democrático de produção e circulação de conhecimento. Na UFRJ votamos na eleição de Reitor, participamos das reuniões do Conselho Universitário e temos espaços assegurados para as atividades do Diretórios e Centros Acadêmicos. Vejo como completamente anacrônica a posição da Reitoria da UFOPA em tomar medidas persecutórias aos estudantes que se manifestaram durante a Aula Magna. Uma gestão democrática não mediria esforços pelo caminho que é muitas vezes o mais difícil, o do diálogo e da construção política. É importante reconhecer o direito que os estudantes e os cidadãos têm de discutir o modelo adequado para a Universidade que representa o sonho e o futuro de muitos de nossos jovens.

segunda-feira, 21 de março de 2011

É latente a ausência de democracia na Universidade Federal do Oeste do Pará, desde sua criação oficial, em novembro de 2009. O reitor da UFOPA foi indicado de maneira unilateral pelo Ministro da Educação; não temos até hoje um Conselho Universitário, formado por representantes das três categorias (estudantes, professores e técnicos); todas as decisões importantes são tomadas unicamente pelo Reitor e sua equipe – inclusive a implantação da ‘nova’ estrutura acadêmica, que inclui, dentre outros aspectos, o CFI, bacharelados interdisciplinares e licenciaturas integradas.
Há anos o movimento estudantil e os movimentos sociais vêm tentando dialogar com o corpo dirigente da Universidade, no sentido de instaurar um processo democrático na instituição. Inclusive apresentamos um projeto alternativo para a UFOPA, intitulado “A Universidade que queremos”. Entretanto, a maioria das nossas iniciativas não obteve êxito. A Reitoria é surda aos nossos clamores e, ao invés de abrir espaços públicos de discussão, prefere se pautar em atitudes autoritárias, reprimindo e intimidando os estudantes, professores e funcionários que ousam discordar do projeto (im)posto pelos donos do poder.
É dentro desse contexto que realizamos o ato público do dia 18 de março de 2011, durante a aula magna no Auditório do Hotel Amazônia Boulevard, conforme deliberado na Assembléia geral dos estudantes do dia 17 de março. Nossa principal bandeira levantada na ocasião foi: Democracia/Diretas já! Afinal de contas, a comunidade acadêmica tem o direito de escolher o seu reitor e de decidir qual o modelo acadêmico melhor atende aos seus anseios, dentre outras questões.
De fato, o momento em que interrompemos a programação da Reitoria não foi o mais adequado. Aliás, não era essa a nossa intenção. Entretanto, foi o único caminho que encontramos para nos fazer ouvir, já que os membros da Administração negaram a nós o direito de falar no evento – uma atitude claramente autoritária, a exemplo de não terem convidado o DCE [entidade máxima dos estudantes da UFOPA] para compor a mesa de abertura da aula magna.
A Universidade é, por excelência, um espaço de produção de conhecimento e debate de idéias. Portanto, não podemos admitir essa ditadura do pensamento único, em que a única voz autorizada a se manifestar é a da Reitoria. Precisamos defender a plena liberdade de expressão e o amplo debate público de todas as questões pertinentes à UFOPA. O reitor não quer isso, mas nós lutaremos sempre para que todas as vozes sejam ouvidas na nossa Universidade. Nunca nos calarão!
Por outro lado, é importante ressaltar que a falta de diálogo da Reitoria com o movimento estudantil gera vários efeitos negativos para a vida de todos os estudantes. A ausência de uma política séria de assistência estudantil é uma prova disso. Nunca constou no Projeto oficial da UFOPA a construção de uma Casa do Estudante, para abrigar acadêmicos oriundos de outros municípios. Um Restaurante Universitário sequer é cogitado pelo Sr. Seixas Lourenço. A estrutura física da nossa Universidade – salas de aula, bibliotecas, laboratórios, etc. - deixa muito a desejar. Ademais, as inúmeras dúvidas sobre o funcionamento do CFI nunca são respondidas satisfatoriamente pela Administração (o caso do Índice de Desempenho Acadêmico – IDA é emblemático nesse sentido).
Por isso tudo, é extremamente importante que o corpo estudantil da UFOPA esteja sempre unido, de modo a reivindicar com eficácia suas demandas fundamentais. Não podemos nos render ao discurso maquiavélico de alguns setores que tentam colocar estudantes contra estudantes. Todos nós, ‘calouros’ e ‘veteranos’, fazemos parte de uma mesma categoria: os estudantes da UFOPA. Possuímos as mesmas demandas, sofremos dos mesmos problemas, temos sonhos e aspirações parecidos. E, o que é mais importante, todos nós almejamos uma Universidade pública de qualidade, que cumpra os desafios sociais que o povo da região espera; que contribua para o verdadeiro desenvolvimento da Amazônia, produzindo um conhecimento socialmente útil para a maioria da população.
Como dizia o grande poeta Carlos Drummond de Andrade, não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas, construir a Universidade que queremos!
Assinam:
Diretório Central dos Estudantes da UFOPA (DCE/UFOPA)
União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém (UES)
Por Felipe Bandeira*
A aula magna realizada pela UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará) que ocorreu na última sexta-feira (18) foi marcada pelos protestos dos estudantes. Os acadêmicos criticam a forma como a coordenação da universidade decide, sem o menor diálogo com os estudantes, as questões pertinentes ao novo modelo adotado pela instituição. O manifesto estava cunhado de críticas ao reitor, o Sr. José Seixas Lourenço, “ele aparece de ano em ano na universidade para ministrar a aula magna aos calouros e depois volta para a sua luxuosa mansão em Brasília”, disse um manifestante indignado ao megafone em um círculo de debates que se formou frente ao auditório. Foram feitos cadastros em uma folha de papel A4, no qual todos podiam se inscrever, tendo 3 minutos para exporem suas opiniões e pontos de vista. Participaram da discursão pessoas de ambos os lados da questão.
Um fato que não chegou a ser cogitado diretamente no protesto, mas que já foi constatado na sala de aula, é o despreparo ou falta de planejamento na formulação dos livros dos módulos. Alguns textos são incoerentes, inclusive conceitualmente, e dificultam o andamento das aulas. Os livros já foram utilizados anteriormente, quando a UFOPA ofertou os cursos para o PARFOR (Programa de Formação de Professores da Educação Básica). Desde lá (meados do ano passado) foram alvejadas críticas severas -pelos próprios professores- ao material. Contudo, os textos não foram reformulados e nenhuma vírgula sequer foi acrescentada ou retirada do material.
Outro ponto de crítica pautado pelos manifestantes foi o IDA (Índice de desempenho acadêmico). O IDA é a ferramenta a qual a academia realiza a seleção e projeta os alunos com as médias alcançadas para os institutos (após o 1º ciclo) e as graduações (após o 2º ciclo), configurando assim duas etapas de seleção (período que dura em torno de 1 ano), e funciona como um funil até chegar ao curso pretendido. Os manifestantes questionavam o porquê do aluno que já fez o vestibular (ENEM), ter que ser submetido a dois outros processos de seleção. A coordenação da UFOPA justifica advogando que todos os alunos permaneceriam na instituição e os que não alcançarem a média para o curso pretendido, poderiam refazer os ciclos. Essa fórmula contrapõe o modelo antigo adotado anteriormente pela UFPA, onde em média 1300 pessoas disputavam 40 vagas para o curso de Direito e os que não conseguiam se qualificar ao processo ficavam totalmente desconectados com a instituição e sem a graduação, por exemplo. Dessa forma, o IDA desponta como um item indispensável ao debate entre os acadêmicos da Federal.
A consolidação efetiva da UFOPA, ao que parece, deverá ser regada por críticas e sugestões de todos os acadêmicos que demonstram não estarem infectados com o vírus do comodismo. A luta é constante. A universidade deve ser construída das bases, pelos próprios acadêmicos, só assim poderemos almejar a educação de qualidade que o Brasil anseia faz mais de 500 anos.
Independente de como seja lembrado, se pejorativo ou não, a sexta feira (18) marcou a história da UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ. Não como o dia da “Excelentíssima aula magna”, mas sim, quando os estudantes reunidos na rua discutiram a educação e as políticas públicas. É uma imagem que ficará na memória de muitos. O dia em que ganhou voz os que ansiavam ser ouvidos.
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* Felipe Bandeira é calouro da UFOPA.
 
** Artigo originalmente publicado no blog Quarto Poder.

A aula magna da Universidade Federal do Oeste do Pará, realizada na última sexta-feira (dia 18 de março de 2011), foi marcada por protestos de acadêmicos dessa Universidade, mobilizados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE/UFOPA) e pela União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém (UES).
 
O ato público, que foi aprovado em Assembléia Geral dos estudantes da UFOPA no dia 17 de março, teve como foco central a exigência de democracia na Universidade. Desde sua criação, em 05 de novembro de 2009, a UFOPA possui como reitor o Sr. José Seixas Lourenço, indicado unilateralmente pelo ministro da educação, Fenando Haddad. A gestão Seixas tem sido marcada pelo autoritarismo e pela falta de diálogo com os diversos setores da comunidade acadêmica e da sociedade civil organizada. O principal exemplo disso é a imposição do modelo acadêmico de ciclos, que vem sendo duramente criticado pelo movimento estudantil, pelos movimentos sociais da região e por vários professores e pesquisadores da UFOPA e de outras instituições.

Os manifestantes caminharam por algumas ruas de Santarém, fazendo uma primeira parada em frente ao campus 1 da UFOPA, situado na Av. Marechal Rondon, onde foram realizadas algumas falas convidando a comunidade acadêmica a se juntar ao protesto. Vários discentes atenderam ao chamado e se juntaram à passeata. Em seguida, partiram em direção ao auditório do hotel Amazônia Boulevard*, onde ocorria a aula magna promovida pela Reitoria da UFOPA.

Em frente ao hotel, foi realizada uma plenária para expor as principais reivindicações do movimento estudantil, que, além da democracia na UFOPA, abrangem também a construção de uma Casa do estudante para abrigar os discentes oriundos de outros municípios, de um Restaurante Universitário, bem como a abertura de um processo democrático de discussão sobre a estrutura acadêmica da instituição, de modo que a comunidade acadêmica e a sociedade tenham a oportunidade de escolher qual o modelo que melhor atende aos seus anseios e necessidades sociais.
Logo após, os manifestantes adentraram no auditório, em silêncio e com mordaças na boca, para expor o autoritarismo da Reitoria, que tenta manter caladas todas as vozes que se manifestam contra o status quo na UFOPA. Representantes da UES e do DCE tentaram negociar com a Administração uma fala para expor os motivos da manifestação, mas não obtiveram êxito. Dessa forma, dirigiram-se para a frente do auditório, onde entoaram palavras de ordem como "Olê, olê olê olá, Diretas já".

Ao invés de tentar dialogar com os estudantes, mais uma vez o reitor mostrou sua intolerância política e encerrou a aula magna. Já fora do hotel, o movimento estudantil deu um show de democracia, realizando uma assembléia a céu aberto, em que todos os interessados tiveram oportunidade de se manifestar, seja a favor, seja contra, o ato público do DCE e da UES.

E a luta por uma Universidade pública, de qualidade e verdadeiramente democrática continua!
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* O espaço físico do hotel Amazônia Boulevard está sendo utilizado também para as aulas do Centro de Formação Interdisciplinar (CFI) - mais uma demonstração da falta de planejamento da Administração Superior da Universidade, que não conseguiu concluir em tempo hábil a construção das novas salas de aula.

domingo, 13 de março de 2011

Este ano, o dia internacional da mulher (8 de março) não passou em branco em Santarém, pelo menos na UFOPA. Na última sexta (11/03), o recém-criado coletivo de mulheres Rosas de Liberdade realizou uma programação especial em homenagem às mulheres. De acordo com Heloise Sousa, diretora de gêneros da UES e uma das fundadoras do coletivo, a atividade foi pensada "para que o dia oito de março não seja apenas um dia de distribuir flores. Devemos lutar pela construção de uma nova sociedade, onde as mulheres sejam percebidas como sujeitos e tratadas com dignidade".

O Coletivo Rosas de Liberdade é um espaço de discussão e formação que objetiva reunir mulheres de todas as etnias, raças, de diferentes organizações partidárias, credos religiosos, faixas etárias e orientações sexuais, mães, donas de casa, trabalhadoras, desempregadas, analfabetas e estudantes. Esta programação realizada na UFOPA foi a primeira atividade ampliada do coletivo, que tem como perspectiva organizar cada vez mais mulheres na luta pela verdadeira emancipação social e cultural feminina.
A atividade consistiu em uma exposição de fotos de várias mulheres que deixaram seus nomes registrados nas páginas da História, participando ativamente dos principais acontecimentos sociais, políticos e culturais vivenciados pela humanidade. Dentre as homenageadas estiveram desde grandes estrelas da música popular, como Mercedez Sosa e Elis Regina, até revolucionárias socialistas como Rosa Luxemburgo. Maria da Penha, que se tornou uma grande referência na luta contra a violência doméstica, também foi lembrada, assim como a irmã Dorothy Stang, religiosa norte-americana assassinada em 2005 por conta de sua atuação em defesa do meio ambiente e dos povos da Amazônia. Muitas outras figuras femininas também tiveram seu espaço garantido na exposição.

Além da exposição fotográfica, foi realizada uma sessão de vídeo-debate do filme Terra Fria, que narra a história real de Josey Aimes, uma mulher que abandona o marido que a violentava e passa a trabalhar numa mineradora em Minnesota (EUA) para sustentar os filhos. Em seu trabalho, Josey sofre várias ofensas morais e assédios sexuais dos seus colegas de trabalho. Ao invés de sofrer calada pelas humilhações, ela luta contra isso e move uma ação judicial contra a empresa, tornando-se uma referência da luta feminista nos Estados Unidos.

Tanto o filme quanto a exposição de fotografias tiveram como intuito estimular a reflexão e o debate sobre a situação da mulher no mundo hoje, as dificuldades e preconceitos que sofrem, bem como as formas de lutar por mais espaço na sociedade. "É imprescindível que nos organizemos cada dia mais. Precisamos dar um basta a todas as formas de preconceito, opressão e violência contra a mulher, sem esquecer que a luta das mulheres deve ser articulada à luta de todos os oprimidos do mundo" - diz o manifesto do coletivo.


Para conhecer e/ou participar do Coletivo de Mulheres Rosas de Liberdade, entre em contato com suas integrantes através do email: rosasdeliberdade@hotmail.com

sábado, 5 de março de 2011

O Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual do Pará (Sinduepa) realizou ontem [04/03/2011] em Belém/PA uma manifestação diferente na frente da universidade. Mulatas e integrantes da banda do Grêmio Recreativo Beneficente Jurunense "Rancho Não Posso Me Amofiná" juntaram-se a estudantes e professores no pátio da Reitoria para, como disse a coordenadora geral em exercício do Sinduepa, Elizabeth Lucena Rodrigues, "lutar por uma universidade mais democrática". Entre as reivindicações, os professores querem a revisão de demissões de professores temporários e o aumento da carga horária de professores.
A coordenadora informa que "em janeiro foram mais de 50 demissões e a universidade possui mais de 30 disciplinas sem docentes. Nós estamos vivendo uma verdadeira ditadura dentro da UEPA". Elizabeth relata que "fizeram uma comissão para avaliar a situação dos docentes da universidade, porém só foram avaliados três departamentos dos 25 da universidade. Essa manifestação é para regularizar a situação dos docentes da UEPA junto à direção administrativa", completa.
A professora que leciona há mais de 17 anos na UEPA, Sueli Pinheiro da Silva, de 43 anos, disse que "somos obrigados a assumir cargas horárias grandes que prejudicam nossa disponibilidade em programas de pesquisa e extensão. Fora isso, tiraram a nossa gratificação por deslocamento. Estamos muito desmotivados para dar aula em outros municípios", reclama. Sem professores, os alunos também reclamam. Esse é o caso da estudante de pedagogia, Paulyane do Nascimento Ramos, de 28 anos, que diz "tenho um professor que dá aula aqui e no município de Altamira. A dificuldade é tanta que muitas vezes ele falta nas aulas e quando vem está muito cansado. Fora isso tenho colegas de outros cursos que tem mais de três disciplinas sem docentes", completa.
Fonte: O Liberal

sexta-feira, 4 de março de 2011

Acontecerá no Auditório do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES),  nos dias 13 e 14 de abril de 2011, o 3º módulo do I Circuito Universitário de Seminários e Debates, uma realização da UES que abrange eventos em várias instituição de ensino superior de Santarém. 
O 1º módulo do Circuito ocorreu em março de 2010 no CEULS/ULBRA e teve como tema  A Universidade e seu papel na sociedade contemporânea; a 2ª edição (agosto de 2010) teve como local a UEPA e abordou A Universidade e os movimentos sociais.
O foco do terceiro módulo será a democratização dos meios de comunicação. A proposta é debater questões como o marco regulatório da mídia no Brasil e as alternativas de comunicação frente ao monopólio das grandes empresas.
Serão convidados para discutir o assunto o jornalista Lúcio Flávio Pinto,  o professor universitário Paulo Lima,  o representante do Intervozes no Pará, Sr Marcos Urupá, e representantes das empresas de comunicação  do estado, dentre outros acadêmicos e profissionais ligados à área da Comunicação Social.
Além da diretoria da UES, participam da comissão organizadora do evento estudantes do curso de Jornalismo do IESPES.
Em breve, aqui no blog, mais informações sobre o Seminário.

Deputado Ivan Valente.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL/SP) protocolou esta semana na Câmara um projeto de decreto legislativo propondo a realização de um plebiscito nacional em 2012 acerca da destinação de 10% do PIB para a educação pública no país. O texto, apoiado por mais de 180 parlamentares de diferentes partidos, parte do princípio de que a decisão política sobre a elevação dos recursos para o desenvolvimento da educação no Brasil é um desafio de natureza estratégica para o país.
“A fixação de metas que obriguem a um investimento de recursos capaz de realmente elevar a qualidade da educação nacional e de garantir a todos os brasileiros e brasileiras o direito à educação é uma medida urgente e necessária”, justificou Ivan Valente. “Todos os países desenvolvidos que alavancaram para o futuro não deixaram de fazer investimentos maciços em educação durante longos períodos e tiveram resultados muito favoráveis a seu desenvolvimento”, acrescentou. Japão, Coréia do Sul e países da Europa chegaram a gastar de 10 a 17% do PIB em educação, durante décadas, até consolidarem seu sistema nacional de educação.
O objetivo principal da realização do plebiscito é envolver amplamente a população brasileira neste debate, proporcionando um comprometimento da sociedade com a questão educacional a ponto da educação ser de fato tratada como prioridade nacional. No ano passado, a Conferência Nacional de Educação (CONAE) apontou a necessidade urgente de elevação dos investimentos no setor, sob pena do Brasil condenar seus jovens a um futuro sem perspectivas de inclusão em uma sociedade cada vez mais exigente em termos de formação acadêmica e cidadã.
“Essa questão, no entanto, parece não sensibilizar o Poder Executivo, que destina hoje quase 50% do orçamento federal para o pagamento de juros, amortizações e refinanciamento da dívida pública enquanto a educação recebe apenas 2,89% das verbas anuais da União”, criticou Ivan Valente.
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